Domingo pela fresquinha... saímos de Nisa pelas 8:45h rumo à Amieira do Tejo, pequena aldeia situada nas margens do Rio do mesmo nome no Norte Alentejano, numa região de transição entre a Beira Baixa e o Alto Alentejo, terra natal dos meus antepassados paternos e onde passei muitas férias de verão, natais e páscoas... terra dos carinhos dos avós, das touradas de verão, do castelo medieval, das brincadeiras e convívios familiares na lareira grande... nostalgias.... felizes!
Castelo de Amieira do Tejo |
Parámos na praça do castelo, mandado construir em 1350 por D. Álvaro Gonçalves Pereira, prior da Ordem do Hospital, pai do futuro Condestável D. Nuno Álvares Pereira.
Iniciámos o percurso marcado, PR1 - Trilho das Jans (segundo a lenda local as Jans eram fadas que entravam a horas mortas pela chaminé e teciam o linho em troca de um bolo deixado a cozer nas brasas) e seguimos pela rua da Barca, rua das recordações onde viviam os meus avós.





Seguimos rumo ao Tejo através do percurso oficial em sentido contrário bem à moda dos NOVOS TRILHOS pois ao contrário o declive é mais acentuado.... rumo ao Tejo pelas quintas que aqui se chamam tapadas e pelos caminhos rurais que aqui se chamam quelhas


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Uma quelha entre tapadas |
E o Tejo aparece rapidamente na sua imponência de maior rio da península, rio que divide... o norte e o sul, as montanhas das planícies, rio que une... populações ribeirinhas, o Oeste e o Leste, Espanha e Portugal... o Rio!
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Vale do Tejo |
Chegamos à Barca de Amieira, local onde outrora se atravessava o rio numa barca que levava pessoas, animais e veículos (carros) e servia a estação ferroviária na margem oposta. Segundo a Lenda passou neste local o funeral da Rainha Santa vindo de Estremoz a caminho de Coimbra.
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Cais da Barca da Amieira, na outra margem a estação ferroviária |

E eis o famoso muro da sirga, caminho construído ao longo das margens do rio que tinha como objectivo permitir a tracção de barcos por meio de animais. A sirga era o cabo de sisal utilizado para rebocar os barcos a partir da margem. Este caminho foi progressivamente abandonado com a chegada do caminho de ferro e a construção das barragens de Belver e Fratel.
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O muro da Sirga |





A ribeira de Ocreza a desaguar na outra margem.
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Ribeira de Ocreza |
Depois de alguns kilometros no caminho da sirga observando a beleza do rio inflectimos para sul e iniciamos uma subida fortemente inclinada no cimo da qual podemos observar uma ampla vista desde a barragem do Fratel, Gardete, as serranias da Beira entre as quais a serra da Estrela ao longe ainda com neve.
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Subida das Barreiras do Tejo |
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Barragem do Fratel |



Voltamos às planícies alentejanas, aos sobreiros, ao granito e às giestas amarelas nos caminhos de muros de pedra e paisagem ondulada.
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A planície com a Serra dos Envendos ao fundo |





Vila Flor, pequeno lugar com apenas uma rua onde jazem as ruínas da sua outrora igreja matriz constitui uma pitoresca aldeia que bem ilustra a região.




Continuamos o nosso passeio pelo vale que vai dar a mais importante fonte de Amieira, a chamada fonte da Cal, fonte que jamais secou mesmo nos mais secos estios.


Com o Castelo à vista passamos ao vale da ribeira de Álvaro Gil pelo caminho das pitorescas hortas construídas em socalcos pelo vale da ribeira nos contrafortes da encosta do castelo.
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Amieira do Tejo ao fundo |
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Horta ao fundo |
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O Castelo no alto |
Chegamos à Fonte de Álvaro Gil e subimos para a povoação pelo caminho detrás do castelo onde chegámos à praça de armas e finalizámos a nossa atividade.



19 km done! Depois dos habituais alongamentos e uma cerveja para retemperar as forças, regressámos a Lisboa com os olhos cheios de belas paisagens e aventuras prontos para mais uma semana de stress!
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