sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Novos Trilhos por Serras de Al Ruta

No passado dia 20 de dezembro os Novos trilhos deslocaram-se a Terras de Al Ruta (Arruda dos Vinhos) para uma caminhada circular de aproximadamente 20 km. 

O nome Arruda dos Vinhos deriva do topónimo latino Ruta/Rutae (Rota), adquirindo durante o período de ocupação muçulmana o prefixo al, passando a designar-se Al Ruta. Posteriormente adquiriu "dos Vinhos", devido à abundância e qualidade dos vinhos que possui, mencionados desde o século XVI, nomeadamente no " Pranto de Maria Parda" de Gil Vicente. A tradição popular atribui o nome da Vila à abundância, em tempos, do arbusto Erva Arruda (Ruta Chalepensis).


Apresentaram-se à partida, perto do Forte do Alqueidão,  25 Novos Trilhos, um serrote, um Pai Natal e uma Mãe Natal!


A manhã estava fria e solarenga reunindo ótimas condições para a prática do pedestrianismo. 
Pouco depois das nove horas iniciámos a caminhada que, numa fase inicial, decorreu em bom ritmo, através de belos trilhos ............



............ envolvidos por magníficas paisagens que caracterizam a região do Oeste.


Com a subida ao Moinho do Céu  o serrote entrou em ação para "abrir" o trilho e surgiu o espírito de aventura tradicional dos Novos Trilhos. Esta é uma das nossas imagens de marca " Se não há trilho, nós criamos!!".




A Vila da Arruda foi povoada por Cruzados Ingleses, como recompensa, após a conquista de Lisboa em 1147, e o seu Castelo foi o primeiro, do Reino de Portugal, a ser doado à Ordem de Santiago em 1172, também por D. Afonso Henriques. Em 1186 D. Sancho I, um ano após subir ao trono, fez lavrar, em Évora, nova doação do Castelo de Arruda à Ordem de Santiago. Mais tarde, em 1218, é confirmada esta doação à referida ordem por parte de Afonso II, filho de D. Sancho I e neto de D. Afonso Henriques.



Numa caminhada pelo campo o contacto com a fauna e flora são uma constante, daí não ser difícil obter belas fotos como estas.........


Um dos principais objetivos desta caminhada foi a subida ao Forte da Carvalha. O Forte da Carvalha situa-se na freguesia de S. Tiago dos Velhos. É um forte em "forma de estrela". Situa-se a 394 m de altitude, sendo o ponto mais alto do Concelho da Arruda dos Vinhos. Daqui avistam-se outros fortes da 1ª e 2ª Linhas de Defesa de Lisboa que integram a Rota Histórica das Linhas Defensivas de Torres Vedras e, em dias de céu limpo consegue observar-se o Castelo da Pena de Sintra, o Cristo Rei, parte da Arrábida, assim como grande parte da Lezíria Ribatejana.


No Forte da Carvalha fizemos uma pausa para almoço, após o qual seguimos em direção ao ponto de partida, não sem antes, tirarmos a tradicional foto de grupo.


O trilho da caminhada, cerca de 19 km com aproximadamente 900 m de desnível positivo.




quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

CAMINHO DE SANTIAGO - 4º DIA


O Quarto dia foi marcado por algum cansaço fruto dos dias já acumulados e sobretudo da extensão do dia anterior, dia em que se deu a célebre troca das botas, em que eu e o António Vicente por lapso e porque tínhamos umas botas Salomon precisamente com o mesmo numero e ambas compradas recentemente e porque ficaram ambas num armário no exterior do dormitório, não demos pelo troca e calçámos as botas um do outro e fizemos 40 km com elas.... foi a rodagem!..

Tínhamos planeado fazer 20 km e ir dormir a Porto Marim e faríamos 40 km no dia seguinte mas como o dia anterior tinha sido duro, optámos durante o caminho por alterar os planos de forma a efectuarmos cerca de 30 km em cada um dos dois dias, pois concluímos que seria mais adequado ao grupo.

Era ainda noite quando saímos do albergue, tomámos um belo pequeno almoço no mesmo local onde jantámos e partimos pelo final da madrugada ainda de frontais. O dia acordou com nevoeiro dando um ar verdadeiramente místico ao caminho.

 



A Mística do Nevoeiro



 


 


 


De Sarria a Santiago de Compostela são pouco mais de 100 km pelo que muita gente opta por iniciar este caminho daqui porque é o mínimo para obter a compostela. De facto a partir daqui começámos a encontrar mais peregrinos entre os quais um grupo de brasileiros logo no inicio do percurso.





Ao passarmos o km 100 aproveitámos para festejar, aliás qualquer tema era justificação de festejo... este grupo é assim mesmo.

 


E assim continuámos o caminho pelos místicos campos e aldeias galegas...

 

 


O Caminho na Galiza adquire outra dimensão


 





Os belos campos Galegos


Entretanto a fome aperta e o corpo pede descanso pelo optamos por parar num bar do caminho que nos proporcionou um belíssimo café retemperador e uma bela tarte de Santiago.. Até mesmo uma avestruz nos saudou...




E eis que chegamos ao rio Minho...


O Rio Minho


 



Cerca do meio dia chegámos a Porto Marim, simpática vila galega junto ao rio Minho e como não íamos ficar aqui e para descanso e recuperação do grupo, decidimos almoçar de faca e garfo sem stresses. Serviram-nos uma divina sopa de peixe que ainda hoje guardo o paladar de memória, não sei se pelas circunstâncias, parece-me que foi a melhor sopa de peixe que comi até hoje...

 A entrada de Porto Marim

Depois deste repasto partimos um pouco sem destino pois apenas sabíamos que haveria 1 albergue a cerca de 9 km dali pelo que continuámos o nosso percurso.

 


Uma espiral de pedras no caminho


Cenas bucólicas das aldeias Galegas

Entretanto parámos para fazer uns pequenos e originais exercício de alongamentos.






Depois de alguns km chegámos a Gonzar, pequena aldeola do caminho mas que tinha um belíssimo albergue onde ficámos e um restaurante junto para jantarmos. Como alguns de nós já vinham em sofrimento com as suas lesões, optámos por ficar aqui.

Depois do banho, foi tempo de rever as lesões de cada um e fazer os curativos aos lesionados. De louvar foi o serviço do nosso companheiro Arménio Neves sempre incansável na aplicação dos seus conhecimentos às feridas e bolhas dos outros companheiros. De louvar também o creme "Biafin" que se revelou um verdadeiro milagre... De louvar a quantidade compid's fitas e adesivos e uma parafernália de produtos que em boa hora levámos e sobretudo é de louvar a coragem e persistência dos lesionados que continuaram sempre sem queixas nem lamúrias e conseguiram superar-se a si próprios.

Confesso que no final deste dia me senti angustiado e triste porque pensei que alguns de nós não chegaríamos a Santiago a caminhar e que seria necessário haver desistências o que me deixou com uma tristeza profunda pois o objectivo era chegarmos todos "sãos e salvos" a Santiago, por isso entreguei o assunto ao Santo, não sem antes ajudar o Arménio a fazer os tratamentos, pois esta coisa de entregar aos Santos, só resulta se fizermos antes a nossa parte...e deixar para os Santos apenas aquilo que não podemos fazer ... e o Santo fez a parte dele como veremos nas próximas cronicas.


O trilho do percurso,  30 km, 612m de subidas e 584m de descidas





Ate ao dia seguinte...

terça-feira, 23 de dezembro de 2014

CAMINHO DE SANTIAGO - 3º DIA




Era ainda bem noite quando nos levantámos pois esperava-nos uma longa jornada de 40 km. Como sempre fomos bem rápidos a manejar os nossos pertences, tira saco, mete saco, abre e fecha bolsas de mochila, calça meias, calça botas, confere material e zarpa que se faz tarde...



Ainda noite entrámos no restaurante onde jantámos e fomos logo brindados com uma frase em galego, "aí vém à quadrilha dó Santo" pois éramos sempre, creio eu , o maior grupo por onde passávamos. Tostadas y mantequilla fomo-nos despachando e pouco depois estávamos na rua, noite escura armados de bastões e com uma vontade de ferro, iniciámos a marcha a uma boa velocidade até à 1ª paragem do dia ao nascer do sol.


1ª paragem do dia



O nascer da aurora trouxe-nos tons de rosa avermelhados conferindo uma beleza maior ao ao momento...


Aurora púrpura


Aurora rosa


e lá fomos nós pelo caminho das pitorescas aldeias galegas com as suas seculares igrejas de pedra, testemunhas desta ansiedade humana de procura de nós próprios através dos séculos!

 





Uma capela antiga



Um original espigueiro galego



 Pelos verdejantes campos galegos...


 



O minifundio tão carateristico do noroeste peninsular



Ao atravessar uma destas aldeias damos de cara com uma tabuleta anunciando a venda de framboesas a 1 euro e qual não é o espanto quando entramos num páteo sem vivalma, apenas uma mesa com caixinhas de framboesas e uma espécie de caixa de esmolas onde poderíamos deixar as moedas e levar as framboesas. Muitos de nós lá deixámos o euro e trouxemos as pequenas caixas de framboesas que estavam simplesmente divinais!


A venda das Framboesas


Chegámos à primeira grande aldeia do dia... e depois de obtermos mais carimbos para as nossas credenciais, encontrámos um supermercado onde fizemos as compras para o almoço. Continuámos e nas imediações de um pequeno ribeiro, à sombra de um frondoso bosque de castanheiros descansámos e almoçámos em tranquilidade, após o que aproveitámos para descansar mais um pouco pois a jornada ia longa e ainda nos faltava um bom pedaço.



Após o almoço continuámos....





Os simbolos do caminho



Depois de ainda mais calcorrearmos, ia a tarde a pino e o calor apertava apesar de estarmos nos finais de Outubro. Descansámos e alguns de nós deitamo-nos no chão e os restantes não resistiram e deitaram-se também, o que deu estas surpreendentes fotos:






A caminhada continuou ainda um bom par de horas, sabiamos que iria ser duro e foi.... especialmente nos ultimos kilometros ao aproximarmo-nos de Sarria com um ar quente e humido quase estival.

 

Finalmente chegámos a Sarria, encontrámos o albergue e fomos tomar um refrescante duche, mudar de roupa e procurar um restaurante para jantar.

  

E foi n'O Tapas que comemos por sinal bastante bem se a memória não me atraiçoa e voltámos ao albergue para dar um pouco de descanso ao corpo que bem merecia...


O trilho do percurso,  40 km, 587m de subidas e 1.314m de descidas





E assim acabou mais uma jornada!