terça-feira, 29 de abril de 2014

Tour du Montejunto (70 Kms)



Depois dos 60 Kms percorridos entre a Azambuja e Mato Miranda, ficou o gostinho e a vontade de aumentar os limites da insanidade! 70 Kilometros? porque não? Vamos la a imaginar o trilho... em linha... ou circular? iniciar mais cedo? tudo questões que se foram apurando e respondendo durante as nossas caminhadas de sábado.

Então concluiu-se que a caminhada deveria ser circular para não estarmos constrangidos com horários de transporte do retorno, que deveria iniciar-se mais cedo de forma a que não terminasse de noite, que o percurso deveria ter subidas e descidas e não ser demasiado plano como o ultimo pois isso tinha-se visto não ser muito benéfico para o equilibro físico e por ultimo que a paisagem deveria ser o mais diversificada possível para tornar a atividade menos monótona...

Convenhamos que com todos estes pressupostos, ficaria difícil escolher a zona e traçar um percurso adequado, mas rapidamente me veio à ideia contornar Montejunto e depois de pensar um pouco verifiquei que era possível neste contexto responder a todos os pressupostos pelo que pus mãos à obra e o trilho nasceu o qual depois de algumas afinações revelou-se um belo trilho que fizemos no dia 26 de Abril ultimo.

Então e para efeitos logísticos e de recuperação depois de uma tão longa jornada, decidimos iniciar a actividade no café "O Preto", nos Casais da Fonte da Pipa nas imediações de Vila Verde dos Francos local que já conhecíamos de outras caminhadas pela carinhosa hospitalidade e excelente gastronomia agradável e despretensiosa!

Às 4:30 da madrugada, após a gentileza da Dona Lina em nos proporcionar um pequeno almoço  àquelas horas impróprias e depois de ter sido efetuada a confirmação das presenças, colocámos os frontais e mãos à obra, saímos da aldeia em direcção a Lapaduços, e por caminhos rurais com os frontais ligados chegámos ao Maxial pela calada da noite... nem vivalma....




Chamada dos Companheiros



Inicio da caminhada de noite



Chegada ao Maxial ainda de noite



Prosseguimos o nosso périplo pelos campos oestinos na face norte do Montejunto e a chuva apareceu para nos acompanhar mas sem grande alarido em pouco tempo se dissipou ainda que mais tarde nos voltasse a visitar e muitas vezes até ao final.


Pelos eucaliptais do Oeste


Encosta norte de Montejunto








Vilar




A face Norte de Montejunto faz parte da região Oeste, com os seu clima atlântico fresco e húmido pelo que a vegetação desta zona é própria deste tipo de clima com baixos nevoeiros e muitos verdes para a vista e foi pela fresca que chegámos ao Vilar pelas 7:45 já com 18 km percorridos e efectuámos a 1ª paragem num dos cafés locais onde aproveitamos para tomar o pequeno almoço da manhã e descansar um pouco mas não muito que apenas dispunhamos de 15 minutos. Aqui juntaram-se mais duas companheiras que nos haviam de acompanhar intencionalmente até aos 60 kms uma vez que no dia seguinte iriam participar no trail de Coruche.


1ª Paragem no Vilar - 18 km



Partida do Vilar com 18 km feitos


Após o tempo previsto partimos de novo pelas vinhas e prados até à povoação de Rocha Forte já no concelho do Cadaval onde chegámos com 30 km percorridos pelas 10:30, onde fizemos mais uma paragem de 20 minutos.


Típica paisagem do Oeste - as vinhas



Belas paisagens bucólicas


Cavalos








Um poço a entrada da Rocha Forte



Café Central de Rocha Forte



Depois de um curto descanso, iniciámos mais uma etapa desta vez pelos eucaliptais a perder de vista até à povoação do Cercal, onde fizemos uma paragem de 5 minutos para recuperação de alguns companheiros e prosseguimos rumo a Tagarro aldeia  a nordeste de Montejunto e entrámos na sua face sul tendo assistido à alteração da vegetação devido ao clima mediterrânico que chega até estas paragens e os eucaliptos deram lugar às oliveiras e sobreiros.



Breve paragem para agrupar



A paisagem começa a mudar para bosque mediterrânico



Encosta nascente





Tagarro



O típico bosque mediterranico









Chegámos a Alcoentre pelas 13:30h com 45 kilometros e fizemos uma paragem um pouco mais longa de cerca de 30 minutos para almoçarmos e retemperarmos um pouco a nossa condição física.






Paragem de almoço em Alcoentre






Recuperámos um pouco, aumentámos o nível de combustível, sorrimos e voltámos à luta! Eles aí vão para mais 15 km da penúltima etapa.





Encosta Sul





















No meio do percurso tivemos que parar 5 minutos para recuperação de alguns que já acusavam algum cansaço, nada de mais mas que requeriam a nossa atenção


  

Paragem de 5 minutos para recuperação

E ainda houve tempo para fotografar salamandras




Durante a marcha aproximamo-nos do Montejunto e iniciámos a subida um pouco acima do seu sopé de onde já obtivemos uma vista fabulosa sobre os campos da Abrigada e pelos prados verdejantes a fazer lembrar os Alpes.

Os campos da Abrigada





  




Chegámos a Cabanas de Torres onde nos banqueteamos com coscorões e pasteis de nata para repor os açucares... Aqui as duas companheiras que entraram no Vilar decidiram acabar com 42 km porque no dia seguinte iriam ter trail (Grande Senhoras!!)


Cabanas de Torres - a despedida das Babes




Em seguida iniciámos a ultima parte do périplo, os últimos 10 kms! já bastante sofridos mas ainda com muito alento a cantar o sole mio!







A saída de Cabanas de Torres para a ultima etapa!






O ultimo obstáculo atravessar um ribeiro
 E chegámos!!!!

Chegada ao Café "O Preto"

Esperava-nos em excelente convívio e uma belo jantar!






VIVA OS NOVOS TRILHOS!!!





O dia chegou ao fim  e chegámos ao nosso objectivo, o ponto de partida nos Casais da Fonte da Pipa em Vila Verde dos Francos pelas 8:45h já pela noite onde nos esperava a D. Lina, com um belo repasto de recuperação e um belo de um bolo feito pela nossa companheira Dina para festejarmos e foi com muita alegria e algumas dores e bolhas que confraternizámos e festejamos pois como dizia um companheiro, NÃO É TODOS OS DIAS QUE SE FAZEM 70 KM!!!!!



O grupo em Alcoentre




terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

PELOS CAMPOS DE LAPIÁS

Nos primeiros dias de Novembro conforme agendado la fomos a procura dos famosos campos de Lapiás. Ponto de encontro: Olelas, uma pequena aldeia  a vinte e poucos quilómetros a Norte de Lisboa, na região de Sintra.
Depois de contadas e conferidas as almas, partimos em direção à Pedra Furada nos arredores de Negrais, a terra do famoso Leitão.



Pelos campos de Olelas






Chegámos então ao famoso campo de Lapiás de Negrais e admirámos esta pérola de formações geológicas calcárias resultantes de processos cársicos que formam um verdadeiro bosque petreo labiríntico de notável beleza.



Lapiás de Negrais










Lapiás



Trilho dos Lapiás




Bosque de Lapiás


 Um verdadeiro bosque encantado digno de qualquer história infantil e motivador de grandes enredos de sonho.






Trilho de Lapiás

E para nos fazer voltar à terra depois de tão inesperada incursão por bosques do além, eis que surgem a nossa frente as antenas parabólicas da Marconi de negrais assim a modos de uma aparição sobrenatural no meio de um verdejante campo de couves...



Antenas Marconi - PT




Antenas no Couval de Alfouvar


Depois desta bela surpresa seguimos pelos campos saloios até à serra de Olelas onde visitámos as ruínas de um castro pré-histórico mais conhecido pelo Castro Eneolitico de Olelas.








Ruínas do Castro


Marco Geodésico da Serra de Olelas


Em seguida descemos até ao fundo do vale da Calada para voltarmos a subir e visitarmos a gruta do arco que faz parte de um sistema de varias grutas existentes neste maciço e que já serviram de abrigo humano nos tempos pré-históricos.




Gruta do Arco





Depois deste périplo pelos vestígios pré-históricos de Olelas dirigimo-nos a um local histórico religioso mais recente, o santuário de Nossa Senhora da Piedade da Serra, local de antigas romarias.



Santuário de N. Senhora da Piedade da Serra


Após uma breve visita ao adro do santuário, descemos a encosta do monte Marçabel e voltámos a Olelas com mais uns kilómetros acumulados à nossa já longa história.





Até à próxima!





segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

UM NOVO ESPÉCIME!



Eu que recusei ser cúmplice do meu par que atirou a toalha ao chão na Caminhada Ultra Longa das Lezírias, não sabia nem sonhava o que o futuro me reservava. Acabei por completar mais de 1.000 kms a palmilhar terras lusas com os NTI (Novos Trilhos Insanos) em 2013, com direito a diploma oficial e moinho de bronze e tudo.


Por trilhos que muitos considerariam impossíveis, cerrados canaviais e silvados, cercados, muros, nas mais diversas condições meteorológicas: chuva, frio, calor, lama, muita lama, atravessando riachos, ribeiros, pontes periclitantes, lá estive sempre a dar o meu apoio, enfim a cumprir mais do que a minha função…


A evolução natural deste Grupo de Caminheiros, levou muitos deles a lançarem-se nas aventuras dos Trails “à séria”, para o qual muito contribuíram: i) os 2 experimentos amadores organizados pelo Grande Insano; ii) as conversas recorrentes de Caminheiro bastante batido nessas andanças sempre muito solicito a prestar todos os esclarecimentos e constantemente a exaltar as maravilhas de tal actividade; e iii) o feito épico de 110 kms por terras castelhanas de Caminheiro aparentemente “embiasado”.


Foi vê-los a arquitectarem t-shirt, impondo-se decisões quanto ao logo e cor. Por razões de ordem prática, o amarelo duvidoso deu lugar ao preto com reflectores prateados.


Tudo pronto para a estreia oficial da Equipa, que ocorreu no passado dia 2 de Fevereiro em Bucelas. A excitação era tal que de véspera procederam ao levantamento de dorsais, com receio quiçá de não terem tempo para preparar o equipamento a preceito.


Por falar em equipamento, entro eu de novo. Eu alimentava a esperança de ficar a descansar após caminhada de sábado e não me meter nesse negócio do Trail. Nada mais errado, por via das dúvidas e em face do aviso da organização e das condições do terreno, recomendava-se o uso de bastões.


Na alvorada de Domingo de manhã, foi vê-los chegarem sorridentes, a exibirem orgulhosamente as suas t-shirts, sapatilhas e licras a condizerem com o evento, debaixo de um frio quase alpino convidativo a correrias pelos trilhos a fora.

Equipa Novos Trilhos Trail


Após o tiro de partida, foi ver a mancha negra a dissolver-se no pelotão, de acordo com o ritmo e condições que o esqueleto e a força de vontade de cada um permitem, sempre com a determinação e confiança adquiridas noutras andanças com os Novos Trilhos.
A mancha negra ao ataque
                                   
Após o km inicial em asfalto, foi o início das hostilidades: estradão esburacado cheio de poças de água, tal como uma estrada alfacinha que se preze; era ver os estradistas numa dança que se viria a revelar inútil na tentativa de evitar a água e sujar os Asics, Salomons XPTO e afins… Um mero aperitivo para a NHA NHA LAND que se seguiria; na primeira descida a bordejar vinhas de Arinto foi ver alguns concorrentes a perderem sapatilhas no lamaçal e a verem-se gregos para as reencontrar… (não consta que cortasse a meta, atleta parcialmente descalço), numa sucessão de subidas e descidas do lado de cá e de lá da CREL.


Por NHA NHA Land
                                             
Sensivelmente ao km 4, ainda hesitei e numa manobra pouco convicta, sob olhar atento de um voluntário da Organização, tentei dar por terminada a minha função e desconjuntei-me em vão. Nada comparável àquele passe de mestre da parte do meio do meu par nas Lezírias… Lá me recompuseram e foi seguir marcha…


Confesso que até me diverti e senti que fui de grande utilidade nas subidas mais íngremes, na poupança de articulações nas descidas, na transmissão de confiança nos lamaçais; até servi de arma de defesa contra um golpe de ricochete de cana segurada por parte de um atleta mais imprevidente…


E continuou...
                                             

TODOS os elementos da Equipa NT concluíram as respectivas provas, uns percorreram 15kms, outros 25kms, estes mais privilegiados já que tiveram direito a banho de rio e tudo. Por pouco escapou um lugar no pódio… Apesar de alguma dureza da prova, pude testemunhar a satisfação que reinava no seio do Grupo e da festa que faziam à medida que iam chegando







Acho que não estarei a exagerar se afirmar que se assistiu ao nascimento de novo espécime.

Eis o Homo Trailus Insanus:

Composição: Paulo Vieira